Aposto que já foi a uma drogaria e ficou em dúvida se levava um remédio genérico ou de marca.
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Veja se você se identifica com alguma dessas frases:
“o de marca é muito caro, prefiro o genérico”
“só compro genéricos”
“meu médico não gosta que eu compre genéricos”
“eu não confio em genérico, genérico não presta”
Se identifica com alguma dessas?
Eu já ouvi de tudo.
Neste post você vai saber tudo sobre os remédios genéricos e os de marca.
- Por que o genérico costuma ser bem mais barato que os de marca?
- Genérico funciona mesmo?
- O que levar em conta ao escolher entre genérico e de marca?
Para responder essas perguntas, vou contar uma historinha para ficar mais fácil de entender. Perdão pelos nomes, mas espero que entendam.
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Imagine que a indústria farmacêutica X lançou um novo remédio para tratar diabetes. Essa indústria X descobriu que a substância “plantinha” consegue diminuir o açúcar do sangue e tem menos efeitos colaterais que os outros medicamentos que já existem no mercado.
A partir disso, fez um NOVO MEDICAMENTO, que resolveu chamar de “Trata D”, um nome fácil das pessoas lembrarem. Nesse exemplo, vou considerar que é um comprimido para ficar mais fácil (poderia ser uma injeção, uma pomada, um xarope, ou outra forma farmacêutica).
A indústria X levou pelo menos 10 anos para fazer todos os testes necessários (in vitro, animais e nos humanos). Foram anos de estudo para provar cientificamente que o “Trata D” com a substância “plantinha” é EFICAZ para tratar diabetes, é SEGURO e tem QUALIDADE.
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Para que o “Trata D” possa ser comercializado no Brasil, precisam registrar na ANVISA. Além disso, eles podem pedir a patente desse produto inovador no INPI, ou seja, o “Trata D” pode ter direitos exclusivos de comercialização por um período determinado, que pode ser entre 10 a 20 anos.
O “Trata D” é um medicamento inovador, é o primeiro remédio à base de “plantinha” com efeitos comprovados. Isso significa que ele é o medicamento REFERÊNCIA.
A indústria X também tem gastos com “marketing” do “Trata D”. A comunidade médica não conhece ainda o “Trata D” e não vai sair prescrevendo o remédio no começo, sendo que nos protocolos existem outras opções. Com o tempo, o “Trata D” vai se tornando uma opção mais comum para tratar diabetes.
Durante o período de exclusividade da comercialização, a indústria X tem a chance de recuperar todo o investimento feito durante o período de pesquisa, como também lucrar.
Passado esse período, as outras indústrias podem produzir medicamentos para diabetes à base de “plantinha”.
A indústria S quer competir com a X, também quer ter um produto à base de “plantinha” no mercado. Então, ela produz o “Cuida D”.
O “Cuida D” é comprimido também, com a mesma quantidade de “plantinha” na sua fórmula, mas tem outros ingredientes na sua composição que não afetam o efeito da “plantinha” no tratamento da diabetes.
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O “Cuida D” é um medicamento SIMILAR ao “Trata D”, que é o de referência. Lembrem que o “Cuida D” não é inovador, então não faz sentido pedir patente. Para poderem comercializar no Brasil, a indústria S precisa registrar seu medicamento na ANVISA.
Além disso, fazer estudos para provar que o “Cuida D” é tão bom quanto ao “Trata D”. Esse são os testes de biodisponibilidade que tem a finalidade de comprovar a equivalência entre o referência e o similar. Com isso, ela prova que o “Cuida D” também é eficaz, seguro e tem qualidade. Assim, o “Cuida D” pode ser usado no lugar do “Trata D”.
E o genérico? Onde ele entra nessa história?
Ele funciona mesmo?
O genérico não tem nenhum nome comercial, por isso chamamos apenas pelo nome da substância, no caso “plantinha”. O genérico tem a mesma quantidade de “plantinha” do de referência.
Durante o registro, a indústria só precisa provar para a ANVISA que o genérico é bioequivalente, ou seja, se o efeito é o mesmo ao de referência. Com isso, é possível fazer a troca entre o genérico, “Plantinha” e o “Trata D”. Os genéricos são identificados pela faixa amarela e pela letra G na embalagem.
NÃO SÃO TODOS OS MEDICAMENTOS QUE EXISTEM GENÉRICOS. Você já viu alguma insulina genérica? Aposto que não! Os medicamentos biológicos, como a insulina, são produzidos a partir de organismos vivos, por isso existem diferenças técnicas que impossibilitam a classificação como genérico.
No exemplo desses medicamentos para diabetes, tanto a embalagem do “Trata D”, “Cuida D” e “Plantinha” possuem a tarja vermelha, por exigirem prescrição médica. Se fosse alguma outra indicação que existe o risco de dependência, ele teria a tarja preta. Nesses dois casos, os medicamentos ficam atrás do balcão da farmácia. E se fosse de uso livre, apenas o genérico teria na embalagem a sua identificação, e na farmácia, eles ficam ao alcance do consumidor.
Pode trocar o genérico pelo similar?
Não!
Mas, como assim?
O “Trata D” e o “Cuida D” podem ser trocados entre si, o referência pelo similar. O “Plantinha” pelo “Trata D”, genérico pelo referência e vice-versa. Então, por que não pode trocar o “Cuida D” pelo “Plantinha”?
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Isso não é permitido porque na hora de registrar os medicamentos, não há estudos comparando diretamente os dois, apenas com o de referência. Por mais que faça sentido inferir que os dois possuem efeito semelhante, só é aceito o que se tem comprovação científica.
Observação importante: O prescritor pode exigir que não haja a troca de uma marca pela outra, ou a troca do referência pelo genérico.
Se isso acontecer, não tenha medo de perguntar o porquê dessa escolha dele. Você tem o direito de tirar dúvidas, como também de participar da tomada de decisão de qual medicamento é mais conveniente para a sua situação. Isso não quer dizer que está questionando a autoridade dele, mas sim, entender o tratamento que VOCÊ vai utilizar.
Por que há tanta diferença de preço entre um remédio de marca e um genérico?
Nos três casos do exemplo, há gastos com estudos para provar que os remédios são eficazes, seguros e têm qualidade. Mas, a indústria X teve gastos muito maiores, foram mais de 10 anos de pesquisa, além do marketing. A indústria S também teve gastos consideráveis com marketing. Já o genérico não teve tantos gastos assim.
No Brasil, existe uma comissão para regular os preços dos medicamentos que avalia diversos fatores. No contexto da pandemia, os preços de sedativos para intubação cresceram muito devido à alta procura, mas a capacidade de produção não aumentou o suficiente para atender à demanda.
Então, o que levar em conta na hora de escolher entre um medicamento genérico e um de marca?
Para o consumidor, é ótimo ter diversas opções na hora de adquirir um medicamento. O que aconselho a ficar atento na hora de pegar o seu:
- Conheça o laboratório do medicamento que utiliza!
Conheça a procedência do produto, se o laboratório é confiável ou não. Pergunte sobre quais as certificações que a empresa tem. Converse com o farmacêutico.
- Observe se seu corpo reage de forma diferente de uma opção para outra.
O metabolismo de cada um é diferente. Por mais que os medicamentos sejam parecidos, uma coisinha que é diferente pode fazer seu corpo “estranhar” o medicamento.
Uma exemplo, é trocar de marca de anticoncepcional. Já aconteceu comigo de trocar por outro com a mesma substância e dose, mas eu senti diferença, senti mais inchaço, ao mudar.
O corpo se adapta com a quantidade de hormônios do remédio que utiliza. Para hormônios e outras substâncias em que a dose é muito pequena, a menor variação pode fazer grande diferença.
Outros medicamentos como anti-hipertensivos, a dose é maior, então a chance de isso acontecer é bem menor.
- Preço e custo-benefício
Eu estaria mentindo se não dissesse que observo o preço. Muitos medicamentos são caros. É importante ver quais opções estão disponíveis em diferentes locais, especialmente os que não são disponibilizados gratuitamente pelo SUS.
Se for medicamento de uso contínuo, é interessante aproveitar ofertas com maior quantidade de produtos, especialmente durante a pandemia, para evitar de sair diversas vezes de casa. Uso pontual, como descongestionante nasal, não é necessário comprar grande quantidade.
Independentemente do que escolher, referência, similar ou genérico, o MAIS IMPORTANTE é seguir as orientações do seu tratamento! Cuide da sua saúde!
Se tiver dúvidas, pergunte a farma aqui nos comentários 😊
Abraços e até a próxima!
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Sim, bem importante mesmo!